26.7.10

Coletiva, "Ateliê Fidalga no Paço das Artes"


"No corredor atrás de Mariz, Daniel Caballero, junto de uma das colunas de sustentação do edifício, erige um misto de instalação e escultura, Mais Pesado Que o Céu, que atua como um desdobramento da sua participação bem-sucedida na coletiva Aluga-Se. Lá, em um imenso banheiro da casa, forrado por ladrilhos azuis-claro, Caballero criou um universo bastante próprio, mescla de grafite corporificado, earth art, arte povera do Terceiro Mundo, intitulado Não Pise na Grama. Anteriormente usado para a higiene pessoal, o banheiro foi completamente transmutado em um ambiente vivo, onde plantas e ervas daninhas cresceram, desenhos foram espalhados por paredes, objetos e piso (este agora preenchido por quilos e quilos de terra). No Paço das Artes, Caballero continua a abordar a impermanência, a instabilidade, principal característica de sua obra, e criou uma estrutura baseada no precário – caixas de papelão, madeira de andaimes, pedaços de móveis descartados, entre outros materiais - , uma espécie de utopia construtiva fracassada. A estrutura descoordenada almeja ultrapassar o teto, mas não consegue e tem um conflito com a arquitetura de tom modernista algo datada do espaço, com muito concreto, vidro e encanamentos à mostra. Para quem usava a própria casa como centro de suas obras e, depois, criou intervenções como Boas Maneiras: Geófagos Educados Não Acreditam em Linhas Imaginárias, na Casa do Olhar, em Santo André, Caballero lida agora mais habilmente com aslimitações dos espaços expositivos, mas sem deixar para trás o vigor, a ironia e a extroversão."

Trecho de texto do curador Mario Gioia, sobre minha participação na mostra, "Ateliê Fidalga no Paço das Artes",