Por Raphael Fonseca
Ao buscar no dicionário uma definição para a palavra “horizonte”, este nos indica ser a “linha aparente ao longo da qual, em lugares abertos e planos,observamos que o céu parece tocar a terra ou o mar”. Trata-se de uma denotação que afasta a linha de seu lugar tradicional de contorno de formas e a transforma em esfumada substância; em vez de delinear um espaço, o desenho se caracteriza por ser o próprio espaço. Mais do que uma linha do horizonte,talvez possamos dizer que a linha é o horizonte.
Da sua apreensão e da impressão de limite, de “fim” de um espaço aberto, outra linha horizontal foi encontrada: a linha da vida, a timeline de cada de um de nós e, porque não, a horizontalidade que corta toda cruz. A morte, portanto, se faz presente – e não nos esqueçamos de que todo caixão é arquivo a sete palmos de modo também horizontal. Uma linha retilínea e com a mesma configuração é aquela que permite que as palavras tenham solo e não estejam numa queda livre sobre o papel; as pautas também são de interesse nesta reflexão.
Paisagem, desaparecimento, escrita e desenho caminham lado a lado dentro desta curadoria que, assim como qualquer exposição, cria um novo horizonte.
Não se pretende, porém, limitar o campo visual do espectador, mas sugerir múltiplos pontos de fuga junto aos trabalhos de onze artistas contemporâneos que, no lugar da segurança ilusória da perspectiva, desenvolvem seus processos artísticos tendo a incerteza e o risco como alguns de seus nortes.
Sergio Gonçalves Galeria
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