Jailton Moreira leu meu livro em estado bruto, e a conversa com ele sempre rende. Numa troca informal de e-mails, escreveu um texto que sintetiza tão bem não apenas o projeto do Cerrado Infinito, mas minha maneira de pensar arte, que pedi se podia colocar na capa fechando o livro.
“Quanto ao projeto Cerrado Infinito penso nele como um ato de resistência utópica. Toda utopia é burra, tem um lado cego. Porém, é impossível fazer um trabalho potente em arte sem uma utopia. Istosignifica que não é mais esperto aquele que consegue colocar as luzes do entendimento sobre todas as zonas possíveis de uma ideia. Ao contrário, é aquele que consegue cercar e deixar latentes suas zonas de sombras e imprecisões. É infinito porque nunca terminará, afinal nenhum cenário morre por inteiro. É infinito porque o trabalho artístico tem algo de Sísifo - um tipo de obrigação que quando aparece e se impõe, se mostra incontornável. É infinito quanto a escala - ele tem bordas imprecisas. É infinito porque o projeto, nunca será concluído mesmo se inacabado ou abandonado, vai continuar reverberando. É infinito porque é processo.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário