O metrô é o lugar onde a vista da janela é uma chapa preta e cega, sem profundidade.
Nas estações, a arquitetura é desconectada com a superfície, e a “paisagem” se forma pelo movimento das pessoas, que circulam refletindo seus locais de origem.
Nas estações, a arquitetura é desconectada com a superfície, e a “paisagem” se forma pelo movimento das pessoas, que circulam refletindo seus locais de origem.
Neste trabalho “ Land art, ou onde podemos construir montanhas ? “, realizado no periodo de 05 de Junho até 31 de Agosto, á convite do Metrô de São Paulo para a estação São Bento, a paisagem humana é um importante ativador.
A produção da obra, uma instalação em duas vitrines, do lado da uma das principais catracas da entrada, foi feita á vista de todos, de forma que o dia da “inaguração” se tornou apenas uma data oficial. O trabalho começou antes ao vivo, com as pessoas acompanhando diariamente a montagem e continuou durante todo o tempo em que a obra ficou em exibição, em um processo contínuo de manutenção, experimentação e modificação.
Com uma generosa liberdade do metrô, acabei produzindo como se estivesse no ateliê, adicionando elementos coletados do entorno, criando novos desenhos e esculturas, cultivando e regando plantas, construindo e explorando montanhas naturais e exibindo videos, em um misto de performance e experimentação.
Á intenção de paisagem, se adicionavam pequenas interações dos usuários. Alguns interrompiam rotinas e solicitavam entrar na instalação para bate papos, muitas vezes longos.
Estudantes interessados nos desenhos, donas de casa imaginando um jardim, policiais fazendo ronda, crianças querendo entrar e brincar de esconder, mendigos que vinham “negociar” materiais da instalação para seus barracos, enfim, gente bem variada indo e vindo de todas as camadas da cidade.
A riqueza do cotidiano no Centro de São Paulo, me faz pensar em estações distantes com seus respectivos territórios culturais, suas relações e pessoas.
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